martedì 13 marzo 2012

O Mossoroense 2012 "Universo" Entrevista com Márcio Rangel

Natural de Mossoró, o guitarrista Márcio Rangel possui hoje uma carreira em ascensão na Europa.
Morando na Itália desde 2002, ele escreve atualmente artigos instrucionais para a revista "Acoustic Guitar Magazine", colabora com músicos de renome internacional como Fabrizio Bosso e Flávio Boltro, além de participar frequentemente de grandes festivais. O entrevistado da semana do caderno Universo revela de que forma sua ligação com o mundo da música foi iniciada, conta de que maneira se deu sua transição para o exterior, e dá um conselho para todos os artistas que estão começando. Acompanhe. O Mossoroense: De que forma foi iniciada sua ligação com o mundo da música? Márcio Rangel: Penso que a música você nasce com ela. Quando nascemos, a primeira coisa que escutamos são os sons. Quando tinha 12 anos me interessei pela música escutando discos e os comprando, e isso me aproximou mais dela e me fez compreender o quanto ela era importante para minha vida. Os melhores momentos eu vivi com a música... Lembro que vizinho a minha casa em Mossoró existia antigamente a C.A Discos, eu estava sempre lá e depois de um tempo me veio a vontade de comprar um violão e sucessivamente uma guitarra, e logo depois fui estudar no Conservatório de Música. OM: E o interesse específico pela guitarra, quando e como surgiu? MR: A escolha foi espontânea. Sempre gostei de ver os guitarristas fazendo solos, e quando assistia os grupos tocando, ficava focado na guitarra e assim a escolha veio de instinto. A empatia por esse instrumento foi instantânea, o instrumento me fascinava. OM: Em que momento você percebeu que sua vocação musical poderia te levar a um caminho profissional? MR: Desde o começo sabia que era isso o que eu queria, me sentia feliz em fazer música e sabia que antes ou depois iria seguir nessa estrada por toda minha vida. Quando se tem um dom, você não pode reprimi-lo, tem de aceitá-lo e correr os riscos, isso é a arte, isso é o artista, em uma corda-bamba sempre procurando um equilíbrio, vendo o mundo do alto e mostrando-o em uma linguagem que entra na alma e sem filtros, isso é a música. OM: A que você atribui o reconhecimento obtido em Mossoró através de seu trabalho musical? MR: Ao meu esforço, dedicação e determinação em primeiro lugar, a minha família, aos amigos e a todos aqueles que acreditaram em mim e que tocaram comigo. OM: Durante o período em que você tocou aqui, como ocorria a relação com o público? Há receptividade para artistas deste gênero em Mossoró? MR: No período que vivi em Mossoró, organizávamos alguns eventos, atraindo pessoas que gostavam da música de boa qualidade. Não sei como está a cidade atualmente, porque estou fora há mais de dez anos. Espero que tenha crescido o nível artístico e cultural e que existam espaços para os jovens artistas. OM: Na sua opinião, na terra do forró há espaço para outros estilos musicais? MR: Certamente, o que falta é a vontade das entidades públicas divulgarem as artes em geral e também outros estilos de música (que seja rock, erudito, jazz, latino, bossa). As pessoas não são insensíveis ou ignorantes, falta somente uma janela aberta para que as artes cheguem até elas. Passou-se o tempo que pensavam que artista era uma classe inferior, todos sabem que sem a arte o mundo perde o seu brilho. É impossível pensar que exista alguém que não goste de música, teatro, dança... Porque a arte está acima de todas as camadas sociais. Seria ideal que as entidades públicas colocassem a disposição para os jovens artistas espaços culturais para que eles possam mostrar a sua arte e serem valorizados, e que também fossem bem renumerados pelo que fazem, porque nunca se sabe onde aquela pessoa irá chegar. Aqui na Europa existem varias rádios e festivais que divulgam a música com programas onde os artistas são convidados para tocar e interagir com o público. Recentemente estive na Rai1, a Rádio Televisão Italiana, onde existe um programa chamado "Brasil", que foi criado por Max De Tomassi ( um grande amante da música brasileira e dos artistas do Brasil), e por lá já estiveram, para citar alguns: Chico Buarque, Ivan Lins, Djavan etc.. é um programa interessante em rede internacional e bem divulgado. OM: A cidade parece ter ficado pequena para o seu talento, uma vez que hoje você está morando na Itália. Conte-nos um pouco dessa transição e experiência. MR: Ficou pequena. Eu sabia que se ficasse por aí, poderia ser mais difícil fazer uma mudança que me desse possibilidades de crescer com meu trabalho artístico. É fundamental que um artista tente viajar e procurar acrescentar a sua bagagem cultural, e consequentemente achar a sua própria identidade artística. Somente viajando e conhecendo culturas diferentes é possível enriquecer as suas experiências, que ajudam na inspiração, para a criação musical e intelectual. Cheguei aqui em 2002, mas antes já tinha passado por Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte, onde fiquei por um tempo. Quando cheguei à Itália, a primeira coisa que percebi foi o interesse em uma cultura completamente diferente da minha. Tentei aprender essa cultura musical, descobrir a música deles, e não só música italiana. Percebi que ouviam muito jazz e tinham um grande respeito pela música brasileira. Participando de Festivais de Guitarra e de Jazz conheci muitos músicos com estilos diferentes. Com o meu jeito de tocar e de compor recebi consenso de jornais e diretores de festivais que apreciaram o meu estilo. OM: Quais projetos você está desenvolvendo atualmente na Itália? MR: Atualmente estou seguindo a minha carreira como solista, participando de festivais, fazendo workshops sobre a minha técnica esquerda "Up side Down Guitar". Devido essa técnica fui convidado para escrever artigos instrucionais na revista nacional "Acoustic Guitar Magazine", onde ensino como tocar essa técnica que desenvolvi. Em alguns projetos (por exemplo, no jazz), colaboro com músicos de renome internacional como Fabrizio Bosso (grande trompetista italiano) e Flavio Boltro (também outro grande trompetista italiano) que eu escolhi como parceiros, por terem sensibilidade e habilidades técnicas de interagir com os seus instrumentos, para interpretar minhas composições próprias com a escolha, feita por mim, por esse tipo de instrumento, o trompete. Duas informações sobre eles que são quase obrigatórias: Fabrizio Bosso acaba de gravar um CD com a Orquestra Sinfônica de Londres e foi premiado como o melhor trompetista topjazz em 2010, e trabalhou com os melhores músicos americanos e europeus. Flavio Boltro, em sua carreira, foi o trompetista do grande pianista francês Michel Petrucciani e ultimamente gravou um CD com o vocalista do Carlos Santana. OM: Como você avaliaria sua carreira no exterior? MR: Avalio que a minha carreira artística está em ascensão, pois tive e tenho o privilégio de poder me apresentar nos maiores Festivais na Europa, divulgando o Brasil e a minha arte. Conheci tantas pessoas que apreciaram o meu trabalho e o que faço. No ano passado, estive excursionando na Inglaterra como representante brasileiro no Festival Internacional Ulapool Guitar Festival, e foi bom saber que você estava ali lado a lado de grandes artistas internacionais mostrando a sua a cultura, a sua raiz, a sua terra e isso é muito bom para um artista, é um incentivo para continuar e nunca parar. As portas estão abertas para todos, é só tentar, porque um dia, quem sabe, a sua estrada será iluminada. OM: E para o futuro, quais são os planos de Márcio Rangel? Você pretende retornar ao Brasil, a Mossoró? MR: Espero continuar compondo, fazendo concertos e divulgando o que mais gosto, que é a música. Não tenho certeza se voltarei ao Brasil ou a Mossoró, mas mesmo que eu esteja longe me sinto muito mais brasileiro do que antes. Continuarei mantendo alto o nome do Brasil, ou seja, tentarei mostrar que o Brasil tem muitas coisas para divulgar da sua cultura e da sua música. O Brasil é uma terra musical e sempre em evolução, eu tento mostrar isso. OM: Caso queria acrescentar algo, fique à vontade. MR: Darei um conselho para todos os artistas que estão começando: tentem ser os melhores de si mesmos, nunca mais que os outros, isso é a arte. Isso é que faz você ser um artista. Ser sempre verdadeiro é o caminho pelo qual todos os artistas devem seguir. Gostaria ainda de agradecer ao jornal O Mossoroense pelo convite e a possibilidade dessa entrevista. Um abraço para todos os leitores deste espaço. Por Maricelio Almeida